07 janeiro 2009

Será realmente o fim da PJ? Extinção das instancias nacionais da PJB


Nos últimos meses, venho acompanhando o debate sobre a carta de Dom Eduardo Pinheiro, bispo referencial pelo Setor Juventude da CNBB, comunicando a decisão da Comissão para o Laicato de extinguir as instâncias nacionais da PJB. Em seu lugar foi proposto que os/as secretários nacionais das Pastorais da Juventude (PJ, PJE, PJMP, PJR) se reunirão com o Setor Juventude, não mais para discutir e encaminhar as deliberações da 15ª ANPJB, mas apenas para questões pontuais. Alegam que se continuar com estrutura seria continuar com uma organização pesada e ineficaz. Destacaram ainda que as Pastorais estão sendo muito questionadas em relação a sua identidade e organização em diversos espaços eclesiais e por muitos bispos. Em sua visão, reduzir a estrutura nacional é garantir que as Pastorais tenham mais credibilidade e atuação nas bases.

Como alguém que acompanhou e contribuiu para o nascimento das pastorais da juventude e as estruturas nacionais sinto tristeza que as coisas chegam a este ponto. Infelizmente faz algum tempo que a divisão em nível nacional entre as PJs e a ineficácia das estruturas nacionais tem sido um obstáculo para conquistar credibilidade no meio do episcopado. Alguns encaminhamentos, não bem pensados, das assembléias nacionais do passado, levaram a esta situação. Não cabe aqui uma analise histórica, porque, também há diferentes interpretações. Paralelamente há uma crise de base. O documento 85 propõe um modelo de trabalho pastoral com a juventude em que a Pastoral da Juventude e o Setor Juventude convivem, cada um respeitando os espaços e identidades diferentes. Há uma importante distinção entre Coordenação e Articulação. Na prática vivemos num contexto em que a Pastoral da Juventude em muitas dioceses está desaparecendo, sendo substituída pelo Setor Juventude. Pelo menos, o que percebo nas viagens que faço. Felizmente, há dioceses onde a Pastoral da Juventude está bem.

Não podemos mais continuar enterrando nossas cabeças na areia. Temos que fazer uma análise racional. Não uma análise emocional. Não adianta chorar sobre leite derramado. Temos que pensar um projeto viável para o futuro. Não podemos deixar morrer um importante modelo de trabalho pastoral com jovens no futuro, porque com sua morte, morre também um modelo de Igreja em que acreditamos. Há muitos fatores que estão contribuindo para esta situação: a mudança cultural, uma nova geração de jovens, a falta de capacitação de lideranças, a ausência de assessores adultos, de modo especial religiosos, o vanguardismo e falta de base de algumas coordenações, a capacidade de mobilização do movimento neopentecostal que conta com uma rede de emissoras de rádio e televisão. Há muita falha que podemos consertar.

Não vejo a decisão tomada pela Comissão para o Laicato da CNBB como o fim do mundo. Acredito que a decisão pode levar a uma renovação das Pastorais da Juventude. Deixar as coisas como estavam não era uma opção, por diferentes motivos que não cabe discutir aqui. As coordenações nacionais das Pastorais da Juventude (PJ, PJE, PJMP, PJR) continuam intactas e tem o apoio da CNBB. Temos que conquistar credibilidade pela capacidade de mobilização, não pelo discurso. Ao meu ver, temos que priorizar três áreas: 1. a volta às bases; 2. a reorganização das estruturas de acompanhamento dos grupos de base e 3. a capacidade de mobilização.

Acho que estamos com sorte de ter um bispo referencial pelo Setor Juventude da CNBB que veio de grupos de jovens, acredito na proposta de evangelização da Pastoral da Juventude e que tem credibilidade no meio do episcopado.

Abraços de um irmão de caminhada,

Jorge Boran

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